terça-feira, 22 de setembro de 2009

Para onde vai o lixo dos hospitais?

www.olharvital.ufrj.br
Edição 152
13 de novembro de 2008

Por uma boa causa
Para onde vai o lixo dos hospitais?
Marcello Henrique Corrêa

Gazes, seringas, curativos e ataduras não são elementos fáceis de encontrar nas latas de lixo do brasileiro comum. Resíduos desse tipo são provenientes de hospitais e postos de saúde; são restos de procedimentos como cirurgia e exames de sangue, que integram o grupo classificado como Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) ou simplesmente lixo hospitalar. O cuidado, o procedimento, a separação e a destinação desses detritos são temas abordados hoje pela segunda reportagem da série “O que fazer com esse lixo?”, de Por uma boa causa.

No Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), na Cidade Universitária da UFRJ, cerca de duas toneladas de lixo são produzidas por dia, entre lixo hospitalar e comum. Enquanto nas salas de cirurgia o lixo é composto por material possivelmente infectado por agentes transmissores de doenças, setores administrativos produzem lixo normal: papel e copinhos de café como em qualquer escritório.

Separar esses dois tipos de resíduos é uma das preocupações e tarefa da equipe orientada por Ângela Villas Boas, diretora da Divisão de Atividades Gerenciais e coordenadora do Programa de Gerenciamento de Resíduos (PGRSS) do HUCFF. “Hoje existe uma política interna de separação de papelões, papéis de escritório, alumínio e outros produtos recicláveis. Os resíduos de áreas de laboratórios especializados, como material de raios-X e medicina nuclear, já são separados e acondicionados em recipientes apropriados para encaminhamento a empresas especializadas”, explica Ângela.

Destinação

Procurar a melhor forma de descarte de lixo hospitalar é uma tarefa que vem sendo desempenhada há mais de uma década no HU, de acordo com a coordenadora. Segundo ela, faz 12 anos que se pensa em técnicas eficazes de destinar esses resíduos. “Nessa época foi experimentada a destruição do material através do processo de incineração. O equipamento era baseado em uma tecnologia de maçaricos alimentados por oxigênio e alcançava temperaturas de até 1.200 ºC para queimar o material”, relata a diretora, acrescentando que o projeto se sustentou por apenas três anos, por razões econômicas.

A função do PGRSS, criado há dois anos, é encontrar um meio economicamente viável e ambientalmente correto para descartar esses resíduos. De acordo com Ângela, já está em fase de implantação de métodos que segregam o lixo infectante e possibilitam o tratamento necessário. Esse tratamento é fator importante para os casos em que os RSS precisam ser encaminhados para aterros sanitários, como ocorre com parte do lixo do HU. “Existem hoje várias tecnologias que podem diminuir em muito a carga contaminante destes resíduos antes do encaminhamento a aterros sanitários”, expõe a coordenadora, admitindo, porém, que a incineração ainda é a técnica mais segura.

Impacto ambiental

Há cerca de dois anos, foram encontrados resíduos hospitalares a céu aberto no aterro sanitário de Gramacho. O episódio causou a preocupação da sociedade sobre os riscos que pode representar o descarte irregular. Para Ângela, contudo, a atenção deve ser redobrada, não só no que diz respeito aos RSS, mas em relação a quaisquer detritos que, sem o devido cuidado, se transformam em uma “fábrica de doenças”, como chamou a diretora. “Esse tipo de acumulação de lixo provoca o aparecimento de ratos, baratas e moscas, transmissores de doenças. Além disso, o chamado chorume, líquido altamente nocivo, é produzido e acaba infectando os lençóis freáticos, trazendo sérios transtornos à saúde e à agricultura”, comenta.

No caso dos resíduos infectantes vindos dos serviços de saúde, o cuidado é ainda maior, pois se trata de material potencialmente infectado pelos mais variados transmissores de doenças. Para isso, o HUCFF trabalha para evitar acidentes e contaminações, colocando os resíduos em sacos plásticos grossos e embalagens especiais, como prevê a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Fonte:
www.olharvital.ufrj.br
Edição 152
13 de novembro de 2008
Em 22/09/09 as 20:20
PCL

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